É difícil imaginarmos um mundo em que todos amassem tudo. Um mundo de entusiastas oferece uma imagem mais sedutora do que a imagem do paraíso, pois a tensão sublime e a generosidade radical ultrapassam qualquer visão paradisíaca. A capacidade de renascimento contínuo, de transfiguração e intensificação da vida faz do entusiasta uma pessoa permanentemente além das tentações demoníacas, do medo do Vazio e do suplício da agonia.
CIORAN, “O entusiasmo como forma de amor”
O conceito de entusiasmo, cuja etimologia deriva de théos (entusiasmo como inspiração, manía divina[1]), é uma chave hermenêutica para compreender a dualidade constitutiva da obra de Cioran e a ironia que dela deriva; para penetrar o “núcleo duro” de um pensamento tão complexo quanto paradoxal, tão orgânico quanto “frívolo” (Cf. “Civilização e frivolidade”, in Breviário) e que – artificioso – muitas vezes engana; enfim, para conhecer as intuições primordiais deste filósofo romeno em relação a um tema – e um valor, filosoficamente falando – aparentemente desprivilegiado, se não menosprezado, no conjunto de sua obra, sobretudo na parcela francesa: o amor.
O entusiasmo é uma figura de Eros. Em Nos cumes do desespero (1934), seu primeiro livro, escrito quando Cioran contava ainda vinte e poucos anos, ele escreve sobre “o entusiasmo como forma de amor” [texto integral]. O jovem autor evoca uma problemática vinculada à erótica, enquanto experiência prática e reflexão teórica sobre o amor:
O amor tem tantas facetas, tantos desvios e tantas formas, que é bastante difícil encontrar um núcleo central ou uma forma típica de amor. É um problema essencial de toda erótica identificar a manifestação original do amor, como ele se realiza primordialmente. Fala-se do amor entre os sexos, do amor pela Divindade, do amor pela natureza ou pela arte, do entusiasmo como forma de amor etc. Qual seria, dentre essas manifestações, a mais orgânica, primordial e estrutural? Tem que existir uma, diante da qual todas as outras dependam ou mesmo derivem. Não concebo a multiplicidade das formas eróticas sem a irradiação, sem a fosforescência e o calor central de uma só que, a feitio de um sol, propaga seus raios, independente da natureza dos objetos ou do aspecto das formas. Os teólogos afirmam que a forma primordial do amor é o amor a Deus. Todas as outras manifestações não passariam de pálidos reflexos desse amor fundamental. Certos panteístas de tendências estetizantes optam pela natureza, ao passo que certos estetas puristas optam pela arte. Para os adeptos da biologia, seria a sexualidade pura, sem afetividade e, para certos metafísicos, a sensação de identidade universal. Entretanto, nenhum deles será capaz de provar que essa forma é absolutamente constitutiva do homem, pois ao longo da vida histórica ela oscilou e variou tanto, que ninguém hoje pode determinar com precisão o seu caráter.
Para Cioran, neste texto particularmente, a forma mais essencial, a manifestação mais orgânica, primordial e estrutural do amor não é eidética e formal, como em Platão, não é o amor divino, como para os teólogos, nem naturalista, nem estetizante, mas o amor eminentemente humano, entre duas pessoas, cuja erótica é ao mesmo tempo sexual e – sobretudo – psicológica, se não espiritual, em termos de afinidade eletiva (não necessariamente homem e mulher). Segundo o jovem filósofo lírico, romântico,
é o amor entre o homem e a mulher, que, longe de se reduzir à sexualidade, envolve todo um complexo de estados afetivos, cuja fecundidade é bem perceptível. Quem se suicidou por Deus, pela natureza, pela arte? São realidades demasiado abstratas para poderem ser amadas com intensidade. O amor se torna mais intenso ao se conectar ao individual, concreto e único. Amamos uma mulher por aquilo que a diferencia no mundo, por sua singularidade. Nada no mundo pode substituí-la nos momentos de amor extremo. Todas as outras formas de amor participam desse amor central, embora sua tendência seja a de se tornarem autônomas.
Vê-se que, a propósito do Banquete, de Platão, em que cada conviva, na casa de Ágaton, apresenta a sua definição de Eros,[2] Cioran estaria mais próximo da concepção do poeta Aristófanes. O comediógrafo e autor de As nuvens narra o mito de três raças primordiais, apresentando o amor como a busca pela metade complementar, a “metade da laranja”, como se diz. É o mito do Andrógino primordial, de um único Anthropos que possuía forma redonda, quatro pernas e quatro braços, duas faces semelhantes sobre o pescoço redondo como o próprio corpo, etc. Por sua forma esférica e robusta, os andróginos eram seres demasiado autoconfiantes e ousados, desmedidos, temerários, e numa ocasião escalaram até o Olimpo para atacar os deuses. Como forma de punição, Zeus cortou-os ao meio, para que ficassem divididos e separados de si mesmos.
Não é lícito, contudo, reduzir a visão de Cioran sobre Eros a esta única e definitiva concepção, análoga à de Aristófanes, no Banquete. Ela será retomada no livro seguinte, O livro das ilusões (1936), e será eclipsada, em Lacrimi şi Sfinţi (1937), pela concepção teológica do amor divino, relação amorosa entre criatura e Criador (ao modo de Teresa de Ávila, digamos): “A obsessão divina é incompatível com o amor terrestre. Não se pode amar apaixonadamente, ao mesmo tempo, uma mulher e Deus. A mescla de duas eróticas irredutíveis cria uma oscilação interminável. Uma mulher pode salvar-nos de Deus, assim como Deus pode livrar-nos de todas as mulheres.” (Lacrimi şi Sfinţi). Mas já em Nos cumes do desespero é possível detectar uma tensão dramática entre essas duas concepções, a antropológica-andrógina e a teológica-divina.
E quanto ao Entusiasmo? Voltemos a ele. Dizíamos que é uma figura, forma ou expressão de Eros. A obra romena de Cioran, tanto seus livros (dos quais dois estão traduzidos ao português) quanto seus artigos de juventude, acadêmicos e/ou jornalísticos (publicados em meios de comunicação romenos na década de 1930 e reunidos pela editora Gallimard no volume Solitude et destin), é fundamental para compreender mais aprofundadamente a obra francesa de Cioran e o seu pensamento como um todo. É, como diz Alain Paruit, le Cioran d’avant, pour mieux connaître le Cioran d’après [o Cioran de antes para mehor compreender o Cioran de após]. Neste contexto, ainda marcado por uma aspiração filosófico-acadêmica que não tardará a desaparecer por completo, Cioran recorre a termos e conceitos filosóficos, o que não ocorrerá no con-texto de sua écriture francesa. Eros é um dele. O jovem Cioran esboça, elabora, à sua maneira, toda uma teoria (da) erótica, muito embora de viés orgânico-existencial, não lógico-sistemático. Vejamos o que diz sobre a natureza erótica do entusiasmo no aforismo de Nos cumes do desespero:
Assim, o entusiasmo é visto como perfeitamente autônomo em relação à esfera de Eros, quando na realidade ele se encontra profundamente enraizado na substância mais íntima do amor, gerando porém uma forma com tendências de emancipação da esfera erótica. Na natureza interna de todo entusiasta, existe uma receptividade cósmica, universal, uma capacidade de assimilar tudo, de se orientar em qualquer direção, a partir de um impulso e de um excesso interior, de não perder nada e de participar de todas as ações com uma vitalidade desbordante, que se dispersa na volúpia da realização e na paixão da ação, no gosto desinteressado da agitação e no culto dinâmico da eficiência. O entusiasta não conhece critérios, perspectivas e cálculos, mas só abandono, agitação e devotamento. A alegria da realização e o êxtase do efetivo são as notas desse homem, para que a vida é um elã cuja fluidez do vital, cujo impulso imaterial é a única coisa que importa, é o que alça a vida a aturas onde as forças destrutivas perdem seu vigor e negatividade. Cada um de nós somos acometidos por estados de entusiasmo, raros demais, porém, para nos definir. Falamos aqui daquelas pessoas em quem o entusiasmo predomina, cuja frequência é tão alta a ponto de constituir a nota específica de uma individualidade. O entusiasta desconhece derrotas, pois ele não está interessado em objetos, mas na iniciativa e na volúpia da ação como tal. Ele não se lança a uma ação por ter refletido sobre sua utilidade ou sentido, mas porque não pode fazer de outra maneira. Sucessos ou fracassos, se não lhe são indiferentes, com certeza não o estimulam nem o desencorajam. A vida é muito mais medíocre e fragmentária, em essência, do que as pessoas suspeitam. Não seria esta a explicação do fato por que caímos todos, por que perdemos o frescor de nossas pulsões interiores e nos encapsulamos, cristalizando-nos em prejuízo da produtividade e do dinamismo interior? A perda da fluidez vital e desbordante destrói a nossa receptividade e nossa capacidade de abraçar a vida com elã e generosidade. O entusiasta é o único que se mantém vivo até a velhice. Todos os outros, se não nasceram mortos, como a maioria das pessoas, morrem antes do tempo. São tão raros os verdadeiros entusiastas!
O entusiasmo é uma forma de amor, paixão, desejo por nada de específico: pelo inespecífico, indeterminado, vago, imaterial, etc. Não coincide, em princípio, com o amor fundamental entre duas pessoas que se complementam. Talvez seja mesmo (se não por princípio, em alguns casos) um sucedâneo daquele, uma alternativa e uma possibilidade de realização uma vez tendo fracassado naquela modalidade especial. Cioran mesmo, quando jovem, conheceu bem, como muitos – se não a maioria de nós – a agrura da decepção amorosa, da não-correspondência, da rejeição. Ele que, apaixonado por uma colega da escola, a vê, um belo dia no parque, onde se encontrava lendo Shakespeare, passeando de mãos dadas com o rapaz que considera o mais desprezível de toda a escola. Jurou a si mesmo nunca mais apaixonar-se. Não manteve a promessa – como poderia?
Há formas e manifestações distintas do entusiasmo. É elementarmente uma questão de intensidade, de viver intensamente, tanto quanto possível, sempre que possível, com toda volúpia, na inteireza do seu ser. Jogar-se em direção à vida, ao devir, entregar-se de corpo e alma ao porvir, ao acaso, ao desconhecido, amar a existência e dizer Sim apaixonada e continuamente à vida, apesar de todos os seus aspectos problemáticos, do seu dramatismo: Amor fati. O entusiasmo é apresentado como uma espécie quintessencial e sublime de amor, que não se satisfaz, não poderia se satisfazer com nenhum objeto específico, com nenhum ser determinado, localizado, particular, singular. Tende a conduzir para longe do concreto, do cotidiano e do mundano, em direção ao que no Breviário será designado pela categoria do Essencial (cf. “Obsessão do Essencial”, in Breviário).
Este caminho pode ser experimentado de modo ascensional e alegre, como plenitude, ou então como queda vertiginosa, dor e dilaceramento. Ou as duas coisas a uma só vez. O entusiasmo pode ser positivo ou negativo. Ou paradoxal. No caso de ser negativo, fatalmente transformar-se-á em desespero (“forma negativa do entusiasmo” conforme somos informados n’O livro das ilusões), se não em agonia. Recorrendo à tipologia antropológico-gnosiológica de outro filósofo romeno, Lucian Blaga, diríamos que o entusiasmo pode ser “paradisíaco” ou “luciferino”. Paradisíaco, se pautado em autoconfiança, segurança, convicção, ingenuidade em suma; luciferino, se pautado no medo, na angústia, na insegurança, na dúvida, na lucidez.
Dito isso, deve-se manter um distanciamento crítico e questionar o autor quando diz que “a vida do entusiasta desconhece o trágico, pois o entusiasmo é a única expressão de vida completamente opaca para o fenômeno da morte.” Por contraste retórico, uma visão idealmente feliz do entusiasta/entusiasmo. Enquanto escreve isso, ele mantém em suspensão, no subtexto, a hipótese – entretida por ele mesmo – de haver, para além desse entusiasmo normal, admitido, uma forma heterodoxa, obscura, de entusiasmo: luciferino, dramático, trágico; entusiasmo vertiginoso e turbulento em meio ao deserto da lucidez. À ingenuidade irrefletida do entusiasmo “paradisíaco”, confiante e otimista, ele opõe o drama do conhecimento malsão, como princípio de lucidez e soçobra, a partir do mito bíblico do pecado original:
O entusiasta é uma criatura eminentemente não problemática. Ele é capaz de compreender muitas coisas, sem conhecer porém as incertezas dolorosas e a sensibilidade caótica do espírito problemático. Refletir significa perder-se, pois os espíritos problemáticos não podem resolver nada porque não gostam de nada. Ademais, onde estaria neles aquela capacidade de se abandonar a qualquer coisa, onde estaria aquela atualidade permanente e total, que nos faz a cada momento nos abrirmos para tudo e, finalmente, onde está a irracionalidade ingênua do entusiasmo? O mito bíblico do pecado como conhecimento é o mais profundo mito inventado pela humanidade. A euforia dos entusiastas deve-se justamente à sua ignorância da tragédia do conhecimento. Mas por que não dizê-lo? O verdadeiro conhecimento confunde-se com as trevas. Eu renunciaria a qualquer momento a todos os problemas deste mundo, que não levam a nada, por uma ingenuidade doce e inconsciente. O espírito não eleva, dilacera.
A complexidade do pensamento fragmentário e polifônico de Cioran funda-se na figura da contradição, para ele uma categoria eminentemente vital e biológica, antes que lógico-racional. Uma contradição que não é acidental em si mesma, mas necessária, natural, signo de um pensamento que se pretende vivo, orgânico, visceral. Sua obra é, como ele mesmo descreve a obra de Nietzsche, uma soma de atitudes sem nenhuma preocupação de unidade, muito menos unidade sistemática. Isso para dizer que a concepção de Eros apresentada neste aforismo de Nos cumes do desespero não exclui a coexistência, no pensamento dinâmico de Cioran, de outras perspectivas, concepções, acepções, visões de Eros. A palavra grega desaparecerá dos escritos franceses (talvez porque o écrivain exilado a julgue doravante demasiado pedante, preciosista, acadêmica; prefere dizer simplesmente l’amour). Também para dizer que (uma vez mais) a contradição é tão constitutiva do seu pensamento quanto a figura da dualidade, e que por isso toda a negatividade manifesta, o niilismo, o cinismo, o pessimismo em relação ao amor – às coisas do amor, humano ou divino – esconde uma paixão infinita pela existência, pelo ser, pela vida, pelo mundo, por tudo e por nada. “Não sou pessimista: eu amo este mundo horrível”, escreveu ele em algum lugar. “Por mais que eu tenha uma concepção sombria da vida, sempre tive uma grande paixão pela existência, uma paixão tão grande que se converteu em negação da vida, porque eu não tinha os meios para satisfazer o meu apetite de vida”, explica a Helga Perz (Entretiens).
Onde há carência, insatisfação, busca, necessidade, e portanto dinamismo, mobilidade, atividade (física ou intelectual), fecundidade, aí encontra-se Eros. Apesar de tudo, Cioran não é exceção: “Apesar de tudo, continuamos amando; e esse ‘apesar de tudo’ cobre um infinito”, lê-se em Silogismos da amargura (1952). Sofria da tentação de existir, e entregava-se a ela gostosamente, permanecendo ao mesmo tempo como espectador de si, contemplativo, um “secretário das próprias sensações”. Não há negatividade que eclipse o pathos erótico de uma obra concebida com furor e desespero, mas também com delicadeza e desenvoltura, como é a obra cioraniana. Cioran encontrou Eros, a sua grande paixão, e o seu phármakon, na atividade da escrita, na escritura (écriture). A despeito de todo conteúdo veiculado, do objeto de suas reflexões, escrever como um fim em si mesmo, verbo intransitivo, como paixão de realização e de irrealização, completude e incompletude, Essencial e inessencial, absoluto e existência, eternidade e duração escoando no tempo.
O aforismo intitula-se “O entusiasmo como forma de amor”. O título deste ensaio pretende ser variação dele, atualizada para o âmbito acabado do conjunto de sua obra, incluindo-se o decisivo capítulo francês da mesma. “Entusiasmo como estilo de vida” exprime o que escolheu praticar, na interface entre vida e obra, o autor romeno convertido e renascido no idioma de Baudelaire e Pascal. Muito embora predisposto ao ennui, à melancolia, ao abatimento, Cioran sempre foi um entusiasta – da vida, da existência, do absoluto, da eternidade, de tudo e de nada. Entusiasmo de “esfolado vivo” (écorché), de quem jamais sacrificaria “este prazer de tropeçar e esmagar a cabeça contra a terra e o céu”; essa especificidade do entusiasmo é dramática, problemática, “luciferina” diria Blaga, assim como é trágica a concepção que Cioran se faz do amor, como algo normalmente destinado ao sofrimento, ao desmembramento, à irrealização, germinando-se no mundo e conduzindo os sujeitos para fora dele, tendo início nos limites finitos da vida mas projetando-se para além dela, em direção ao infinito da morte. Amor que não cabe na vida, que a deseja e ao mesmo a trai em pensamentos, quando não em ato. Delicado e frágil demais para um mundo onde reina a selvageria e a brutalidade. “Shakespeare: encontro de uma rosa e de um machado…” — a metáfora fraseológica para caracterizar a obra do Dramaturgo aplica-se, por substituição, ao amor.
Amor do contraditório e dos contrários, contraditório e contrariado ele mesmo; diletante, veleidoso, frívolo; terrivelmente voluptuoso, alegremente carente de todo objeto determinado; amor lúcido, com toda a antinomia trágica que essa adjetivação evoca. Cioran localiza suas expressões concretas na experiência religiosa do êxtase, na experiência estética da música e também no amor sexual. Em todo caso, em matéria de amor, como de todo o resto, a verdade “encontra-se em Shakespeare; um filósofo não poderia apropriar-se dela sem explodir com seu sistema.” (Silogismos da amargura)
NOTAS:
[1] Cf. PLATÃO, Fedro.
[2] Fedro, amante de discursos escritos, apresenta Eros como a primeira – mais antiga – e mais venerável das divindades; o aristocrata Pausânias apresenta uma visão tradicionalista que distingue entre o amor divino, sagrado, imortal, e o humano, profano, vulgar; Erixímaco concebe Eros do ponto de vista de sua profissão, a medicina, como o equilíbrio de contrários; Sócrates, o protagonista, afirma que Eros é um semi-deus, atribuindo-lhe a genealogia a Poros (“recurso”, “saída”, “viabilidade”, “fecundidade”, “abundância”) e a Penia (“pobreza”, “escassez”, “privação”), definindo o amor – força motora de toda busca filosófica – como necessariamente o amor do belo, de modo que Eros participa ao mesmo tempo, em sua natureza híbrida, do humano e do divino, instaurando por um lado a carência da beleza e por outro a perfeição da beleza divina ou ideal a ser perseguida.