“Nietzsche: edições, traduções e deturpações” – Scarlett MARTON

“A influência de Nietzsche precedeu entre nós a aparição de sua obra; esta cai sobre terreno preparado; ela arriscaria, caso contrário, deixar de vingar; agora ela já não surpreende, ela confirma; o que ela ensina, sobretudo, é o seu esplêndido e entusiasmante vigor; mas ela quase não era mais indispensável; porque quase se pode dizer que a influência de Nietzsche importa mais do que a sua obra, ou mesmo que sua obra é só de influência.”

André Gide, Carta a Angèle

Conferência: “Nietzsche: edições, traduções e deturpações”
Conferencista: Professora Dra. Scarlett Marton (USP)
Link para as Perguntas & respostas após a conferência: https://youtu.be/7LOwK0_1wg8
Data: 21/8/2019
Organização: LELPraT – Laboratório de Estudos de Linguagem e Práticas de Tradução, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Local: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – EFLCH, da UNIFESP


Nietzsche: edições, traduções e deturpações

Resumo: Na história das edições dos escritos de Nietzsche, o hiato entre compreensão e tradução revela o lugar privilegiado de uma figura: o leitor. Trata-se neste ensaio de refletir sobre a recepção da obra nietzschiana, bem como sobre suas deturpações, do ponto de vista daqueles que buscam lê-la, sejam tais leitores os estudiosos, os editores e tradutores, ou o próprio Nietzsche.
Palavras-chave: interpretação, filologia, história, leitura, tradução.

Em seus textos, Nietzsche insiste em sublinhar as dificuldades para fazer-se entender. Se é de vivências jamais partilhadas que fala, há algo de incomunicável no que tem a dizer. Por engendrarem-se na solidão, suas palavras trazem a marca do silêncio. Mas é, também, por outras razões que elas calam. Entendendo que a filosofia é sempre experimental e que um filósofo não pode ter opiniões definitivas,
ele sugere que há algo de provisório no que diz. E julgando que o mundo não é um sistema nem uma estrutura estável, mas uma totalidade permanentemente geradora e destruidora de si mesma, deixa entrever que é de algo passageiro que fala. Se não pretende chegar a verdades últimas e definitivas, tampouco acredita que o mundo possa atingir um estado de equilíbrio durável. Na medida em que as palavras fixam e petrificam, não há como servir-se delas para exprimir o que se transforma sem cessar, para falar deste mundo sempre em processo ou dessas vivências tão singulares… [+]
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