Matar-se, em certo sentido, e como no melodrama, é confessar. Confessar que fomos superados pela vida ou que não a entendemos. Mas não prossigamos nestas analogias e voltemos às palavras correntes. Trata-se apenas de confessar que isso “não vale a pena”. Viver, naturalmente, nunca é fácil. Continuamos fazendo os gestos que a existência impõe por muitos motivos, o primeiro dos quais é o costume. Morrer por vontade própria supõe que se reconheceu, mesmo instintivamente, o caráter ridículo desse costume, a ausência de qualquer motivo profundo para viver, o caráter insensato da agitação cotidiana e a inutilidade do sofrimento.”
CAMUS, O Mito de Sísifo
Só se suicidam os otimistas, os otimistas que não conseguem mais sê-lo. Os outros, não tendo nenhuma razão para viver, por que a teriam para morrer?”
CIORAN, Silogismos da amargura
O mundo contemporâneo é uma sequência frenética de imagens que vem sendo acelerada de forma avassaladora pela vida digital e pelas redes sociais. Nossa saúde mental e a própria noção de identidade vêm sendo constantemente afetadas neste contexto onde nos encontramos desenraizados e onde nossas imagens são confundidas com nossa existência como sujeitos.