O primeiro Cioran francês: Breviário, Silogismos e A Tentação de Existir | 10/07/2021 (ao vivo no YT)

Após uma apresentação biográfica dos anos romenos de Cioran (1911-1937), antes de expatriar-se na França, a próxima live temática abordará o primeiro Cioran francês.

Data: 10/07/2021 (sábado)
Horário: 18h00 (Brasil)
URL de acesso: https://youtu.be/91Nq52wxUzg

Pode-se divisar sucessivas e distintas fases do pensamento de E.M. Cioran, o aclamado escritor de língua francesa. Liliana Herrera discerne dois momentos temáticos na obra francesa do pensador romeno: o primeiro, voltado à empresa de negação e demolição, de crítica de todos os ideais, da história e da utopia, do sujeito moderno e dessa sua “vontade de poder”, que conduz à equação “saber é poder”; o segundo, voltado à reflexão e especulação metafísica através de temas alegóricos como a Criação, a Queda, o nascimento da consciência e a perturbação, por esta, das raízes da vida. (HERRERA, Cioran, lo voluptuoso, lo insoluble, p. 18).

Independentemente do número de fases distintas, a depender do critério adotado, o fato é que o Cioran tardio ou “crepuscular”, o autor de livros como Écartèlement (1979) e Aveux et anathèmes (1987), é bastante distinto do autor do Précis de décomposition, o livro de estreia em língua francesa. Propondo, de nossa parte, uma divisão tripartite da obra francesa de Cioran, abordaremos aqui a primeira delas, compreendendo os três primeiros livros escritos e publicados por Cioran em língua francesa, todos eles pela editora Gallimard: Breviário de decomposição (1949), Silogismos da amargura (1952), A tentação de existir (1956).

Em seu aspecto crítico, o objetivo é relativizar e desconstruir certa imagem monolítica e homogênea do autor romeno de expressão francesa, como se a “evolução” da sua obra não manifestasse significativas metamorfoses em matéria de estilo, e também de pensamento, a cada livro publicado. Propositivamente, trata-se de evidenciar a riqueza estilística e poética, a complexidade, o dinamismo, a polifonia, o caráter experimental, fragmentário, descontínuo e temerário dessa vertiginosa escrita da lucidez, a partir do Breviário de decomposição.

Em última análise, seria necessário aplicar a cada um dos livros de Cioran, no conjunto da obra (francesa e romena), o empirismo intuitivo preconizado por Henri Bergon, com seu princípio de “auscultação espiritual” do “objeto” a ser conhecido; um empirismo sui generis que é, segundo Bergson, a verdadeira metafísica, aquela que “só trabalha sob medida”, forçada a “despender um esforço absolutamente novo para cada novo objeto que estuda.” O mesmo vale para o intérprete de Cioran:

Ele talha para o objeto um conceito apropriado somente ao objeto, conceito de que se pode dificilmente dizer que seja ainda um conceito, pois somente se aplica a uma única coisa.

H. Bergson, Introdução à Metafísica (1903)

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