Com prisão decretada, Roberto Jefferson recebe PF a tiros de fuzil e granada | Portal E.M. Cioran News

Roberto Jefferson, ex-deputado pelo PTB, tornado inelegível e substituído pelo fake padre Kelmon na corrida presidencial de 2022, teve prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Moraes determinou a prisão de Jefferson após ele infringir uma das condições da prisão domiciliar: o uso de redes sociais. O ex-deputado publicou recentemente novos vídeos com ataques ao processo eleitoral e, para agravar a infração, com ofensas escabrosas à ministra Cármen Lúcia, do TSF.

“Política” da bala (e da granada)

Ao cumprir mandado de prisão na mansão de Jefferson, em um condomínio de luxo, a Polícia Federal foi recebida a tiros de fuzil e granadas (!). Segundo a corporação, uma agente foi ferida e levada ao hospital, desacordada.

Em vídeo gravado dentro de sua mansão, sitiada pela PF, o ex-deputado golpista e terrorista afirma que não vai se entregar e diz “chega de opressão”, em referência às decisões judiciais de Alexandre de Moraes. Pode-se ouvir, ao fundo, uma mulher, aflita, pedindo para o ex-deputado se entregar.

Cavalos de Troia

O fake padre Kelmon, que participou de 2 debates presidenciais como um “cavalo de tróia” bolsonarista, além de ser filiado ao PTB de Roberto Jefferson, é membro da Ação Integralista, movimento de extrema-direita, ultrarreacionário e fanático, fundado em 1932 por Plínio Salgado, inspirado no fascismo italiano, e que, assim como a TFP (Tradição, Família e Propriedade), saiu da obscuridade e ganhou força renovada graças ao Genocida na presidência.

Como “Deus, Pátria e Família” entrou na política do Brasil – Edison Veiga, Deutsche Welle, 7 de outubro de 2022

A Ação Integralista praticamente dominou o PTB – e a mente de Roberto Jefferson. Kelmon é a face hipócrita, mentirosa, falsa, do integralismo; Bob Jeff, ostentando armas, ameaçando invadir o STF e matar juízes da Suprema Corte, é a sua face verdadeira, sincera. O ex-deputado golpista e terrorista, agora inelegível, fala e faz o que o vigarista da fé não pode falar nem fazer (ao menos não de forma tão vistosa). Roberto Jefferson diz que Juiz de Fora precisa de milícias para “dar um pau” na Guarda Municipal (veja vídeo abaixo):

Pode-se com toda a razão imaginar esta fala de Roberto Jefferson saindo do fake padre Kelmon. São farinha do mesmo saco.

“Frente integralista apoia 8 candidatos e recomenda voto no PTB para presidente” (Folha de S. Paulo, 5 de setembro de 2022)

Há um “entrismo” (infiltração) em curso de grupos de extrema-direita em partidos políticos brasileiros de centro-esquerda ou centro-direita. No PTB, a Ação Integralista; no PDT, a Nova Resistência, do ideólogo eurasiano e apoiador filosófico da invasão da Ucrânia, Alexandr Dugin.

Dog whistle: atirar para matar

Não sejamos ingênuos: seja no caso de Bolsonaro atacando jornalistas como Vera Magalhães ou no caso de Bob Jeff atacando a ministra Cármen Lúcia, trata-se de uma mesma tática: dog whistle (“apito de cachorro”). Na política contemporânea, dog whistle é uma “deixa”, na forma de mensagem cifrada, codificada em gestos e símbolos, transmitida por um líder aos seus seguidores, funcionando como uma call to action, uma “chamada à ação”, uma incitação para que os seguidores façam o mesmo que o líder, tendo-o como modelo de ação e comportamento. O mais preocupante é que, desta vez, o dog whistle não se limita a palavras insultuosas e ameaças verbais. Bob Jeff deu um passo perigosíssimo e elevou o “apito de cachorro” à “proposta” (não muito republicana) de pegar em armas para atirar contra agentes da polícia (federal ou outra). Nada de bom pode resultar disso…

“Esse prazeres violentos têm também fins violentos”: citação de Hamlet na série Westworld (HBO), muito oportuna a propósito do Brasil atual. Não é Deus que é brasileiro, mas um “demiurgo malvado”. Bolsonaro é o seu representante, o seu delegado aqui embaixo, encarregado de uma tarefa baixa: arruinar o Brasil.

Aquias Santarém comenta o bang-bang do miliciano Bob Jeff com agentes da Polícia Federal. Uma análise do episódio como sintoma de um fanatismo contagioso e mortal que se espalhou pelo Brasil. O desfecho? Um bang-bang de todos contra todos.

Após o ocorrido, o Genocida se apressou para declarar, nas redes oficiais, que “repudia a ação armada” do ex-deputado, um dos seus mais fanáticos apoiadores. O Genocida chegou mesmo a afirmar que não existe foto dele ao lado do ex-deputado bandido, que vai voltar para a cadeia. Dois milicianos golpistas: Bolsonaro é Roberto Jefferson. Roberto Jefferson é Bolsonaro.

“Após apoiar rebelião contra STF Bolsonaro agora quer se livrar de Jefferson” – Tales Faria (UOL, 23 de outubro de 2022)


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