“Passeio sobre a circunferência” – CIORAN

No interior do círculo que encerra os seres em uma comunidade de interesses e de esperança, o espírito inimigo das miragens abre um caminho do centro à periferia. Não pode escutar de perto o rebuliço dos humanos; quer contemplar de tão longe quanto seja possível a simetria maldita que os une. Vê mártires por toda… Continue lendo “Passeio sobre a circunferência” – CIORAN

A “hermenêutica das lágrimas” e seus desdobramentos na obra de Cioran, do romeno ao francês (bilíngue)

Mă gîndesc la o hermeneutică a lacrimilor, care ar încerca să le descopere izvoarele, dar şi toate interpretările posibile. La ce s-ar ajunge ? Am pricepe toate culmile istoriei umane şi ne-am putea dispensa de „evenimente“, ştiind totul. Am şti adică de cîte ori, in decursul vremurilor, omul a ieşit din sine însuşi şi pînă… Continue lendo A “hermenêutica das lágrimas” e seus desdobramentos na obra de Cioran, do romeno ao francês (bilíngue)

“Cioran, o pesar de ser humano e a hermenêutica das lágrimas” – Rodrigo MENEZES

Πόλεμος πάντων μὲν πατήρ ἐστι. [Guerra é pai de tudo.] Heráclito de Éfeso Se Deus colocasse a cabeça no meu ombro, como estaríamos bem assim, sozinhos e desconsolados! CIORAN, Amurgul gândurilor (1940) Se tudo o que se empreendeu desde Adão é ou suspeito ou perigoso ou inútil, que fazer? Dessolidarizar-se da espécie? Seria esquecer-se que nunca… Continue lendo “Cioran, o pesar de ser humano e a hermenêutica das lágrimas” – Rodrigo MENEZES

“O corpo do desconhecido” – Augusto Frederico SCHMIDT (1950)

Há um trecho do livro de Cioran (E.M.) — “Précis de décomposicion”, que é uma espécie de breviário da desesperança, em que êsse pasmoso escritor romeno nos fala do Cristo (e do Cristianismo) como de alguma coisa que está tocando ao seu fim. “Jesus se esvai: não só os seus preceitos como a sua doçura… Continue lendo “O corpo do desconhecido” – Augusto Frederico SCHMIDT (1950)

“A negativa de procriar” – CIORAN

Aquele que, havendo gasto seus apetites, aproxima-se de uma forma limite de desapego, já não quer perpetuar-se; detesta sobreviver em outro, ao qual de resto não teria mais nada a transmitir; a espécie o apavora; é um monstro e os monstros não engendram. O “amor” o cativa ainda: aberração entre seus pensamentos. Busca um pretexto… Continue lendo “A negativa de procriar” – CIORAN

“Teoria da bondade” – CIORAN

“Já que para você não há último critério nem irrevogável princípio, e nenhum deus, o que o impede de perpetrar todos os crimes?” – “Descubro em mim tanto mal como em qualquer outro, mas, como execro a ação – mãe de todos os vícios –, não sou causa de sofrimentos para ninguém. Inofensivo, sem avidez,… Continue lendo “Teoria da bondade” – CIORAN

“Enfoques sobre a tolerância” – CIORAN

Sinais de vida: a crueldade, o fanatismo, a intolerância; sinais de decadência: a amenidade, a compreensão, a indulgência... Enquanto uma instituição se apoia sobre instintos fortes, não admite inimigos nem heréticos: os degola, os queima ou os encarcera. Fogueiras, cadafalsos, prisões!, não foi a maldade que as inventou, foi a convicção, qualquer convicção total. Instaura-se… Continue lendo “Enfoques sobre a tolerância” – CIORAN

“As vantagens da debilidade” – CIORAN

O indivíduo que não ultrapassa sua qualidade de belo exemplar, de modelo acabado, e cuja existência confunde-se com seu destino vital, coloca-se fora do espírito. A masculinidade ideal – obstáculo à percepção das nuanças – comporta uma insensibilidade em relação ao sobrenatural cotidiano, de onde a arte extrai sua substância. Quanto mais natureza se é,… Continue lendo “As vantagens da debilidade” – CIORAN

“A ânsia de primar” – CIORAN

Um César está mais próximo de um prefeito de lugarejo que de um espírito soberanamente lúcido mas desprovido de instinto de dominação. O importante é mandar: a isso aspira a quase totalidade dos homens. Se tem em suas mãos um império, uma tribo, uma família ou um criado, empregue seu talento de tirano, glorioso ou… Continue lendo “A ânsia de primar” – CIORAN

“Precisamos falar sobre o textão” – Alexandre Soares CARNEIRO

Jornal da UNICAMP, 17 de novembro de 2022 "Em poucos traços" é uma coluna assinada por Alexandre Soares Carneiro, professor assistente doutor do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). alex@unicamp.br Em “O antiprofeta”, o escritor romeno Emil Cioran sentenciava: “Em todo homem dorme um profeta e, quando ele acorda, há um… Continue lendo “Precisamos falar sobre o textão” – Alexandre Soares CARNEIRO