“Bolsonarismo passou a ser uma seita religiosa” – João Cézar de Castro Rocha | TV 247 ▶️

19 de julho de 2023 | O jornalista Leonardo Attuch conversa com o historiador, professor e escritor João Cezar de Castro Rocha, que fala de seu livro, Bolsonarismo: da guerra cultural ao terrorismo doméstico, e analisa as características da atual extrema-direita brasileira.

Segundo Castro Rocha, o bolsonarismo virou uma seita religiosa. Como QAnon, nos Estados Unidos, do qual se pode dizer que os bolsominions são, em grande medida, a versão brasileira.

João Cezar de Castro Rocha resgata O futuro de uma ilusão (1927), de Freud, para explicar como funciona a mentalidade autoritária, golpista e mitômana do bolsominion. Segundo o professor da UERJ, a extrema-direita brasileira, como a transnacional, tem se especializado em transformar o erro em ilusão. Uma vez tornada coletiva, essa ilusão vira uma realidade política objetiva, afirma Castro Rocha. Assim, nascem os “Brasis paralelos” (e são muitos), ou, parafraseando Cioran, “as ideologias, as doutrinas e as farsas sangrentas.” (Genealogia do fanatismo). Assim, o bolsonarismo “rinocerontizou” o Brasil, imbecilizando-o até o tragicômico.

O futuro de uma ilusão (Die Zukunft einer Illusion no original alemão) é um livro escrito em 1927 por Sigmund Freud, que nele descreve sua interpretação das origens da religião, seu desenvolvimento, psicanálise e futuro. Freud via a religião como um sistema de crenças falsas. Destaca-se o contraponto feito à obra por seu colaborador e pastor protestante Oskar Pfister, que em seguida escreveu em 1928 “A Ilusão de um Futuro”, crítica que foi bem recebida por Freud e que não lhes prejudicou a amizade.

Nascido em 1965, no Rio de Janeiro, João Cezar de Castro Rocha é um escritor, historiador e professor de literatura comparada. Foi aluno de René Girard e orientado por Hans Ulrich Gumbrecht em Stanford. Tido como um dos intelectuais brasileiros mais importantes da atualidade, seus estudos concentram-se na contribuição da teoria mimética de Girard para a América Latina, bem como na atualidade do movimento antropofágico e dos escritos de Machado de Assis no Brasil contemporâneo.


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